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90 ANOS DE MICHEL GIACOMETTI

A Escola Michel Giacometti assinala anualmente o “Dia do Patrono” na data que coincide com o nascimento de Michel Giacometti, 8 de Janeiro. E o próximo coincide com o nonagésimo aniversário do nascimento do etnomusicólogo corso. A efeméride será vincada pelas 14h00, com a inauguração de uma escultura de Carlos Bajouca, executada com alunos do curso PIEF do ano letivo 2017/2018.


Vale a pena recordar o processo de escolha do patrono e recuar até Novembro de 2002 quando o Conselho Executivo da Escola 2, 3 + S anunciou a abertura de concurso de ideias no sentido de ser encontrado para aquele estabelecimento de ensino um nome, um hino, uma divisa e um logotipo. Candidatos a patrono surgiram cinco (por esta ordem: Alice Vieira, D. Dinis, Maria de Lurdes Pintassilgo, Michel Giacometti e Natália Correia) e a escolha realizou-se através de votação, no dia 26 de Março de 2003 daí resultando que Giacometti obteve 246 dos 684 votos expressos.

Qualquer dos nomes apresentados à votação se enquadrava nos parâmetros da Lei e enaltecia a Quinta do Conde, mas a escolha de Giacometti constitui um valor acrescentado que urge relevar, designadamente porque: é incontestável a contribuição deste cidadão do mundo para a cultura portuguesa; o seu trabalho abrangeu a totalidade do país, incluindo naturalmente esta região e a região de origem dos quintacondenses; a proximidade geográfica com o Museu do Trabalho Michel Giacometti facilita a criação de parcerias e de visitas, úteis sobretudo para a formação dos alunos; etc…


 BIOGRAFIA 

Michel Giacometti nasceu em 1929, em Ajaccio, cidade francesa situada na ilha mediterrânica de Córsega e foi criado por um tio, funcionário colonial francês. Faleceu no dia 24 de Novembro de 1990 no Hospital Distrital de Faro e foi sepultado por vontade própria no cemitério de Peroguarda, concelho de Ferreira do Alentejo, “junto do povo português que tanto amei”. Um funeral inesquecível para quem nele participou. Quando a urna desceu à terra os muitos populares presentes entoavam “Solidão”, uma canção popular alentejana, das preferidas do “guardador de vozes”.

Percorreu cedo as regiões dominadas pela França, aceitando todo o tipo de emprego. Frequentou várias universidades, tendo-se licenciado em Letras e Etnografia pela Universidade de Sorbonne. Estabeleceu como objectivo investigar as tradições da área mediterrânica. A leitura de um livro de Kurt Schindler, que um dia encontrara no Museu do Homem, induziu-o nos primeiros conhecimentos sobre a música popular portuguesa. Uma vez em Portugal, deitou mãos à obra, e de 1959 a 1982, realizou recolhas de que resultaram cerca de quatro mil peças musicais registadas e seis mil fotografias. Foi fundador dos “Arquivos Sonoros Portugueses”. Editou, em colaboração com Fernando Lopes Graça, uma “Antologia da Música Regional Portuguesa” (cinco volumes, em1963) e, em 1981, o “Cancioneiro Popular Português”. Foi ainda autor de uma série de documentários televisivos, sob o título “Povo que Canta”. Grande parte do seu espólio musical (também pertencente ao acervo do Museu Nacional de Arqueologia e Etnografia) encontra-se ainda por editar.

Giacometti tinha noção da importância do trabalho que estava a desenvolver e, em 1975, no auge da Revolução do Cravos, inspirado num programa de educação popular surgido em França, desenvolveu um ambicioso projecto de Serviço Cívico Estudantil, tendo então recolhido objectos e feito inquéritos no campo da literatura, música e medicina popular, material depositado no Museu do Trabalho de Setúbal, designado depois “Museu do Trabalho Michel Giacometti”. Uma coleção de quatro centenas de instrumentos musicais foi vendida ao Museu da Música Regional Portuguesa, propriedade da Câmara Municipal de Cascais. Foi também esta autarquia que adquiriu a biblioteca do pesquisador, minimizando as dificuldades económicas que frequentemente enfrentou. Quando morreu Giacometti trabalhava numa Antologia do Canto Coral Alentejano, edição de autarquias alentejanas, com 80 modas em dois livros.

A obra de Michel Giacometti justifica frequentes exposições. O seu nome surge em muitas edições discográficas e tornou-se um topónimo vulgar. A 10 de Junho de 2002 o Presidente da República homenageou-o com a “Comenda do Infante D. Henrique”.

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